quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O Anti-Herói.


Todos criticam meu modo de vida. Talvez porque eles não terem a liberdade que eu tenho como escritor, sem horários, sem patrão dando ordens, sem limites para diversão. Posso acordar hoje, a fim de pegar meu carro e me mandar por dias em qualquer lugar, conhecido ou não. Posso achar que ainda não é hora de dormir, e sair para o velho pub de sempre, tomar algumas doses, e acabar pagando uma bebida para alguma mulher, conversarmos, e virmos para minha casa, onde a maior parte do tempo o silêncio, a solidão e a nostalgia são fatores predominantes. Mas ignoro esse fato, assim bagunçamos toda a casa. Garrafa vazia pelo chão, ponta de cigarros nas taças de vinho, o toca disco no centro da sala, discos espalhados pelo tapete se misturando com nossas roupas. Tudo isso em plena madrugada de terça-feira, o que definitivamente o subconsciente de vocês que trabalham em um escritório não deixaria vocês fazer.

Na quarta-feira, no começo da tarde acordo deitado no chão da sala -- sem saber ao certo como acabei dormindo ali -- meio tonto pelo álcool que ainda corre a mil nas minhas veias, levanto e vou até a cozinha, me sirvo outra doze de whisky, e percebo minha guitarra no chão. A pego, toco algumas notas embriagadas e a coloco no lugar certo. Junto meus CDs e os guardo no lugar de sempre, volto para meu notebook e tento escrever algo -- Ultimamente sem sucesso -- E então procuro minha calça, meus óculos escuros e minha camisa preta, Ponho meus coturnos e volto novamente pro meu Porsche.

Alguns dizem que levo minha vida como se fosse um filme, uma história onde sou o Anti-Herói. Mas não vejo dessa forma.

Nos filmes, por mais que os personagens caiam, eles sempre sobem relativamente proporcional a queda, o que eu não sinto acontecer comigo. Estou numa crise criativa, não escrevo nada decente a alguns anos, Fui largado pela minha namorada, entre outras coisas. Não sou tão ingênuo de achar que a minha vida é um filme. E provavelmente quem disse isso devia está mais chapado que eu no momento.

Johnny Moody,
Madrugada de Quinta-Feira. 24/02/11

3 comentários:

  1. vc pode ser visto como um personagem de filme sim...imaginei vc agora, um escritor decadente, que bebe algumas doses e pensa nas garotas "rolando sobre as gimbas de cigaros em banheiros de boates" enquanto escreve sobre a causa ou a ilusão da sua decadencia...imaginei vc agora, passando seus dias de nostalgia fumando na janela e olhando o quão grande é o mundo e o quão pequeno vc é...seria uma história interessante de ser lida, de ser inventada...serei fiel a suas escritas, curti o blog, mas acho que vc deveria abrir mais a mente além de escrever sobre algo tão inessistente como a vida em filmes de personagens perdedores. =]

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  2. Na verdade Srta. Ribeiro, essa é minha realidade, por mais absurda que pareça. Johnny sou, o que ninguém ver, o lado negro de uma pessoa da qual ninguém tem noção de que essas coisas aconteçam, muito menos que eu me sinto assim. Sou o lado cru de uma pessoa que tenta viver a vida apesar de suas frustrações, Sou o lado cru de uma pessoa que talvez você conheça, ou não. Essas coisas acontecem, de fato comigo, mas ninguém está acostumado a isso por ninguém falar sobre essas coisas que eu venho contando.

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  3. hum...você diz ser o lado cru de uma realidade existente...mas ainda sim sei que vc ama a sua vida do jeito que ela é, por mais insatisfeito que vc pareça ser...não digo que vc é insatisfeito, apenas digo que vc parece ser...se é sua realidade eu não sei, mas creio que o capitalismo não o deixaria viver dessa maneira.

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